Criança com suspeita de febre amarela morre em Natal

Tribuna do Norte – Uma criança, com suspeita de febre amarela, morreu em Natal no domingo passado (12). O paciente veio do município de Venha Ver, distante 463 quilômetros da capital, e foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital Infantil Varela Santiago. A confirmação da doença depende  de uma  investigação detalhada, que pode durar até 60 dias. A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap/RN) registrou a suspeita e começou a acompanhar o caso na semana passada.
As autoridades públicas de saúde também suspeitam de outras síndromes febris, como: hepatites virais, leptospirose, dengue e chikungunya. De acordo com a subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap/RN, Maria de Lima, essas doenças apresentam sintomas semelhantes como febre alta, dor de cabeça, náuseas e vômitos. A confirmação só poderá ser feita depois de um exame laboratorial do Instituto Evandro Chagas (IEC) e uma investigação, que buscará saber se a criança realmente esteve exposta à situação capaz de contaminá-la com a febre amarela.

O caso foi notificado na terça-feira passada. No dia seguinte, uma amostra de sangue foi enviada para exame no IEC em Belém (PA). “Também já foi disparada a investigação domiciliar, hospitalar e ambiental. O objetivo é saber por onde o paciente passou, quais os hospitais, bem como a investigação de casos de primatas que possam ter morrido na região”, explicou. O paciente era natural de Venha Ver, cidade com 4.154 habitantes no extremo Oeste Potiguar.

Conforme Maria de Lima, essa suspeita única  ainda não é suficiente para iniciar vacinação em massa da população contra a febre que  atinge dois Estados do Sudeste brasileiro. Mas quem vai viajar para as áreas de risco deve se proteger. “As pessoas têm que procurar um posto, no mínimo, dez dias antes da viagem. A gente pede até que não procure essas áreas”, orientou.

Para imunização contra a febre amarela,  a secretaria recebeu 36 mil doses em dezembro do ano passado. “A gente não gasta nem 50% disso durante todo ano. Então, estamos bem abastecidos”, avaliou. Por outro lado, não há como evitar a entrada de pessoas das áreas de risco no Rio Grande do Norte. “Lá é que são tomadas as medidas. Tanto a vacinação de toda a população quanto orientação”, comentou.

O Rio Grande do Norte e Estados vizinhos estão fora da área de risco de febre amarela. O caso registrado semana passada é o primeiro suspeito no Estado neste ano. No Brasil, há apenas o ciclo silvestre da doença. Nesse ciclo, os mosquitos (Haemagogus e Sabethes) responsáveis pela transmissão podem ser infectados por pessoas ou macacos e, na picada seguinte, passam o vírus adiante. De acordo com o Ministério da Saúde, a última ocorrência do ciclo urbano do vírus ocorreu em 1942 no Acre.

A população dos Estados do Sudeste brasileiro passa por um surto da doença neste ano. Ontem, o Ministério da Saúde atualizou o quadro de casos confirmados: Minas Gerais (205), Espírito Santo (25) e São Paulo (04). Desse total, 79 pessoa morreram: MG (69), ES (07) e SP (3). Ao lado do RN, Tocantins e Bahia têm pacientes com suspeitas de febre amarela.

FEBRE AMARELAÁreas de risco
Completamente dentro de área de risco: todos da região Norte, Centro-oeste, Maranhão, Minas Gerais.

Parcialmente em área de risco: São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo.

Completamente fora de área de risco: Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
(Situação até 13/02).

Unidades de Saúde com vacinação contra a febre amarela – Natal
Critério para vacinação: viagem programada para as áreas de risco.

Zona Norte: Vista Verde, África, Gramoré, Vale Dourado, Santarém e Potengi.

Zona Sul: Mirassol, Ponta Negra e  Cidade Satélite.

Zona Leste: São João, Lagoa Seca e Mãe Luíza.

Zona Oeste: Felipe Camarão, Quintas e Policlínica Oeste.

Fonte: Ministério da Saúde